Em entrevista à CARAS Brasil, Lia Khey se emociona ao falar que foi acolhida pelas artes plásticas e garante que não pretende abandonar a carreira de atriz
Lia Khey (44) – que ficou nacionalmente conhecida por sua participação marcante no BBB 10, reality show da TV Globo – tem uma verdadeira paixão pelas artes cênicas desde muito novinha, mas a atriz e ex-dançarina também descobriu uma forte conexão com as artes plásticas há sete anos e tem investido pesado neste projeto. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista, que está em São Paulo lançando sua nova obra, uma escultura intitulada Eterna, em especial para o Dia das Mães, abre o coração e fala sobre essa fase criativa, mas garante que não desistiu da atuação.
“Acho que não tem como desistir. Ser atriz sempre foi um sonho, era um sonho de infância. Eu não tive oportunidade de estudar no período da minha adolescência, porque não tinha condições. Quando entrei no Big Brother, diante da minha jornada de auto-amor, eu achava que não era mais digna de me tornar atriz, por conta do mundo não achar que eu poderia ser – e não é sobre a Lia, e sim sobre os BBBs, isso acontecia antigamente”, diz.
“Mas depois de uma recusa desse chamado, fui estudar, fiz coisas legais. Sou uma pessoa que ama estudar. E a arte – junto à descoberta das minhas origens (…) Tem muita gente que não sabe que é preto, tem muita gente que não sabe que é pobre, tem muita gente que não sabe o que está fazendo no mundo – em si, esse ensinamento – quando falo arte não é fazer aula só de atuação, digo a experiência de estudar essa arte. Então, as artes dramáticas me inseriram nesse mundo onde eu pude ter oportunidade de aprender com professores incríveis sobre muito além da atuação propriamente dita. Então, ela me insere no mundo. E eu passo a me expressar de verdade. E aí que entra a arte têxtil, a arte visual têxtil como artista plástica”, completa.
Obras assinadas por Lia decoram casas de personalidades como Sheron Menezzes (41), Preta Gil (50) e Tiago Abravanel (37), rodaram o mundo e marcaram capas de revistas. A artista plástica também foi a responsável por fazer o cenário de um show de Daniela Mercury (59) e Gabriel Mercury (38), em São Paulo. As peças começaram a ser desenvolvidas em 2018, ao perceber que os trabalhos na dramaturgia dependiam de muitas variáveis e não apenas de seu desempenho para ser aprovada nos testes.
“Eu resgato a minha ancestralidade, honro a minha mãe quanto mulher preta, que morou nas ruas durante muito tempo, se tornou órfã, passou uma vida inteira – fico emocionada”, fala Lia, com a voz embargada. “Sem ter oportunidade, e eu sei o preço disso. Então, a minha arte (têxtil) me dá muitas oportunidades, me dão a oportunidade, inclusive, de ensinar outras pessoas esse ofício, porque assim como eu e minha mãe, sei que existem várias no Brasil e no mundo em situação de vulnerabilidade, violência doméstica. Então, eu me encontro nesse lugar. Porque a minha ideia é fazer isso para agregar valor ao mundo, sabe?”, continua a artista, ainda muito emocionada.
‘A ARTE ME ACOLHEU’
Lia Khey diz que aprendeu tudo sozinha como a mãe. “Ela era autodidata, se alfabetizou sozinha, pintava, bordava, era uma artista. Ela me incentivada, ainda que não pudesse financeiramente, ou até mesmo com a presença dela, porque ela saía para tentar comprar a nossa janta. Ela nunca olhou para mim e disse que isso não era para mim. E eu creio estar aqui por mim e por ela. Então, quando eu começo a fazer isso, é como se já soubesse. Acredito muito na força da espiritualidade, na força dos que vieram antes, ainda que a nossa jornada tenha sido muito difícil – falo da época da escravidão no Brasil porque sou descendente direta por parte de mãe. Então, coleciono hoje trabalhos incríveis, sou reconhecida dentro dessa área”, conta.
“Já fiz o palco da Daniela Mercury, em uma turnê que ela fez com o filho, coloquei a minha obra chamada Cordão Umbilical, que tinha tudo a ver com eles, pois era a primeira turnê entre mãe e filho, e é uma obra que eu dedico (…) Apesar, que eu dedico toda a minha obra ao feminino, o Cordão Umbilical é muito simbólico. Já fiz Casa Cor com obra de grande formato, tamanhos monumentais. O que quero dizer com isso é que essa arte me acolheu e eu me vejo próspera fazendo isso. Inclusive, é algo que eu posso compartilhar com as pessoas, principalmente com as mulheres”, emenda Lia, que durante atual exposição em São Paulo, mostra a nova criação, intitulada Eterna, uma releitura do Cordão Umbilical citado acima. Trata-se de uma escultura que envolve um vaso como um abraço, que nunca se desfaz.
A artista volta a falar que continua sendo atriz e que ama a profissão. “Sempre que tem oportunidades, faço testes. Eventualmente passo (risos). Já fui protagonista da campanha da Chevrolet, inclusive passava no comercial do Big Brother. Já fiz uma séria que está na Amazon, uma personagem muito interessante, que era o respiro cômico da série. Eu amo também. A arte salva, é muito importante”, salienta.
BIG BROTHER BRASIL
Questionada se ter participado do BBB a ajuda, até hoje, em sua carreira, mesmo sendo nas artes plásticas, Lia reflete: “O BBB não ajudou na minha carreira. Ele faz parte do meu desenvolvimento pessoal. Então, o meu desenvolvimento pessoal me ajuda na minha carreira. Na verdade, ele atrapalhou no começo e não divulgou o externo porque pouco importa. Minha mãe dizia que a arte dramática era para mim e por poucos momentos eu acreditei que não era para mim por conta dessas vozes externas, mas eu volto”.
“Não vou dizer que atrapalha, mas também não tem uma influência sobre isso. Longe de mim renegar o Big Brother, eu amo. Sou apaixonada por isso, mas não tem relação. O BBB dá cor a minha vida. É uma história linda para ser contada, maravilhosa. Desde o antes, quando recebo a ligação, porque eu faço a inscrição. Eu não tinha um real no bolso, não tinha dinheiro para nada e não sabia o que ia fazer da minha vida. Então, ele me ajudou nesse sentido. Eu amo contar essa história, desde o pré, de como tudo acontece, toda essa história que é maravilhosa”, acrescenta.
PLANOS PARA 2025
Lia Khey deseja continuar ensinando sua arte e abrir novas frentes. “Continuar prosperando em 2025, fazendo ela, porque a minha ideia é fazer arte em volume dentro desse contexto, das minhas obras de arte, as minhas obras de arte como carro-chefe de outras obras, porque sendo assim eu consigo gerar emprego, demanda de trabalho para essas mulheres que eu quero ensinar a fazer arte. Já tenho feito isso e quero fazer isso em maior escala. Então, esses são os meus planos”, pontua.
“Fora essa questão do meu desenvolvimento pessoal enquanto ser, enquanto mulher, enquanto pessoa que está se reconhecendo uma mulher negra de pele clara, que honra a sua ancestralidade, prosperando, saindo de um de escassez e sendo o fator de soma na vida das pessoas que me cercam; esses são os meus planos. Me curar das questões que são inerentes a mim, assim como cada um de nós, é um foco muito importante na minha vida. Me curar no sentido de me entender nesse mundo, caminhar para frente, me tornar uma pessoa melhor e cada vez mais próspera financeiramente também, que a gente adora. Além de fazer arte, continuar fazendo arte, para todo o sempre”, finaliza a artista.
Lia Khey é atriz, artista plástica e ex-BBB – Foto: Reprodução/Instagram
Lia Khey é atriz, artista plástica e ex-BBB – Foto: Reprodução/Instagram
Lia Khey é atriz, artista plástica e ex-BBB – Foto: Reprodução/Instagram
Escultura criada por Lia Khey intitulada Eterna – Foto: Arquivo Pessoal
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